terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu te escrevi

Que direito eu teria de transformar em palavras a obra prima que mãos que não conheço pintaram com tanto capricho, já que mesmo procurando em todas as linguas não acharia palavras que descrevem as cores perfeitas e os sons desse quadro que anda por aí, coberta de um sol noturno, perfeito e contraditório até nos seus passos em direção a padaria.
Mesmo esquecendo do ideário de perfeição, lembro do seu rosto rindo e me achando um bobo à cada tropeço que eu dava numa história (estórias) que não soube te contar. Se eu fosse um artista, minha casa estaria coberta de fotos e quadros, de cenas e poses, que me lembrariam da impossibilidade do seu perfume contrastando com meu cheiro mau-humorado de café recém passado.
Eu estive (e estou) preso no meu paraíso, mas estou preso aqui sozinho sabendo que tudo que eu fui um dia está ai na beira da sua casa, naquele morro chato de subir, esperando você jogar a chave de cima da escada, porque eu já sou de casa e você tem preguiça de abrir sua porta. Abre sua mente pra mim e entende que todo meu pecado foi querer demais, querer até fugir por não saber o que fazer ou pensar, por não poder me habituar a ver seus olhos tão escuros quanto a manhã que acorda, encarando meu eu tão teimoso, feio e triste, que alegraria num sorriso perdido, roubado naquela esquina onde eu pedi seu telefone.
A verdade não foi bem assim, você continua aí longe de mim e mesmo perdido num paraíso de candura, onde a doçura fez um ninho próspero, estou preso sem poder ouvir suas vozes, disfarçadas em milhares de nozes finas de gosto tão comum que eu poderia me viciar, e ainda espero a oportunidade de ser só mais um dependente de você.


COPACUBANA