domingo, 14 de fevereiro de 2010

De Daca pra Damasco hoje

Aí chega o dia em que você não quer se explicar, só não quer. E fica de cabeça baixa, ou olhando pro lado ou olhando pro alto, mas vendo outras coisas, outros lugares e pessoas, às vezes nem vendo e vai assim, vivendo só pelo movimento.
Tudo isso que se faz ou se deixa de fazer, os sorrisos e "bom dia" que eu não dei de manhã e todo aquele passado que eu nem queria lembrar, por tudo que eu fiz e não fiz, por todo o arrependimento que hoje eu não senti, e tenho certeza de que não vou sentir tão cedo.
Vazio por dentro, os diamantes são pra sempre. Então eu sou assim, coberto de diamantes, achando que vou viver pra sempre, achando que todas serão a última aventura do zorro e parado aqui, ainda sem acreditar no sol da manhã que me acordou bem cedo pela janela perto da tevê.
Vou vivendo sem querer falar de mim, então falo que tudo isso é história de um tal de Joaquim, ou de um João qualquer, pra não me definir e pra falar que tudo que eu conto e escrevo é ruim, pedindo desculpa a cada tropeço ou acerto, porque nunca sei se acerto e é melhor prevenir que remediar. E também tem o medo, velho amigo de estrada, continua na caminhada sem saber se eu gosto mesmo do mundo ou se eu não gosto é de mim, que rima com assim só pra fazer um verso medíocre que só.
Vinte anos depois, o que é o que eu quero da vida, dos dez ou dos trinta que ainda estão naquelas cinzas da fogueira que eu fiz meio bêbado numa praia bem longe. E falando em bebida, já nem me lembro mais dos porquês, só pego meu chapéu (que eu roubei na rua) e saio procurando uns motivos pra sorrir por dentro, porque em mostrar os dentes, nisso eu já sou treinado.


Wino - COPACUBANA

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Verdadeira Bondade Humana

Dia-a-dia recebemos exemplos da bondade do homem. Sim, a bondade é algo presente em todos, algo que todos possuem. No entanto, aflorada ou não. A verdadeira bondade do homem é percebida nas pequenas ações cotidianas.

A verdadeira bondade está em conversar, por horas, com o cachorro do vizinho que viaja pelo mundo, não visando qualquer beneficio, sendo sua única recompensa a felicidade estampada no rosto do animal (por mais que seja um rosto diferente do nosso, sim, eles sorriem).

A verdadeira bondade está em não pautar suas ações visando a reciprocidade, visando o ganho, visando o lucro, visando qualquer coisa que não seja o prazer em ver a felicidade estampada no rosto, agora sim, um rosto comum, humano.

A verdadeira bondade humana está gritando dentro de cada um de vós. Ouçam-na. Mal não vos trará.


COPACUBANA

Stop and say hello

Não era tarde, mas também não era cedo e eu acabava de me levantar. A rotina matinal até que me agrada, me acorda por completo, o banho gelado me dá algum animo que depois eu busco no café. Mas hoje alguma coisa tava diferente.
Não costumo receber cartas, não costumo nem olhar a caixa de correio (e até hoje eu me perguntava porque uma caixa de correio, já que as contas me são entregues em mãos), mas hoje alguma coisa estava diferente, e aquela bandeirinha pra avisar que tem alguma coisa me esperando lá estava de pé, pronta para a batalha.
Fui - sem camisa e de pijamas - procurar a chave daquele cadeado velho e enferrujado, nos mesmos trajes eu fui abrir a caixa de correio que, finalmente (para alegria ou espanto) tinha algum pedaço de papel endereçado à mim.
Era um cartão postal, meu Deus, Um cartão postal! Quem hoje em dia usa esse tipo de coisa?
Era endereçado à mim, de fato, um cartão postal da Itália e uma chave, do meu... vizinho. Ok, tudo bem que eu nunca troquei duas palavras além do tradicional "bom dia", não conhecia sua família, se é que ele tinha, só sabia que o cachorro não parava de latir e incomodava todo o mundo, menos eu.
No cartão postal não tinha muita coisa escrita (óbvio, pra um cartão postal), e o que tinha escrito era difícil de ler, ô letrinha abusada de ruim.
"Bom dia, vizinho. Ainda é dia? Enfim, por favor, converse com meu cachorro, ele está só. O nome dele é Duque."
Cara, não existe coisa mais estranha que isso. Eu nunca fui certo mesmo, fui trocar uma idéia com o canino da nobreza, de chave em punho abri aquele portão velho e o cão estava lá, sem latir, olhando pro nada e ao mesmo tempo pra mim. Acho que quando ele ouviu o portão, pensou que podia ser seu dono, estava animado, e eu tratei de por um fim na sua animação com minha careta por um portão que eu nunca havia entrado.
A casa era bonita, jardim bem cuidado (não sei quem cuidava do jardim, o cachorro talvez... hahaha) e um banco ali, feito de madeira, talvez o vizinho tenha o feito, com esse monte de árvores no quintal, né?
Voltando ao cachorro, me sentei no banco de madeira e logo o cão veio e sentou do meu lado, "nada estranho pra um cachorro ensinado", eu pensei. Fiquei ali, parado por algum tempo, olhando pro cachorro que olhava pra mim.
Ok, eu tô ficando louco, mas e daí? Perguntei ao cachorro como ele ia - sem resposta, por mais assustador que possa parecer - e comecei a falar um pouco sobre mim, sobre a minha vida e minhas histórias e estórias desconexas do mundo lá fora. Será que ele já viu o mundo lá fora?
Isso não interessa agora, passei umas boas duas horas conversando com o cachorro, companhia agradável, garoto bom, bom garoto. Duque era de uma fineza impressionante e de uma educação invejável.
Fui almoçar e voltei com um álbum bacana dos Beatles e meu estéreo, botei lá pro Duque ouvir e passei a tarde papeando com o cachorro que meu vizinho deixara ali, sem amparo.
Já anoitecendo o cão saiu do meu lado, se encostou nuns pés de hortelã que ficavam perto do muro e deitou, foi minha deixa pra pegar meu estéreo, os Beatles e parar de falar, o cão estava cansado.
Dormi aquela noite e parecia que eu tinha dormido uma semana ou duas, o cachorro não latiu, não uivou, não se pronunciou durante aquela noite - a vizinhaça que me agradeça - mas eu não voltei lá, e o Duque continuava sem incomodar ninguém, ficou uma semana assim.
Na outra segunda eu já nem lembrava dessa história toda, mas me chega outra correspondência. Outro cartão postal.
Dessa vez o cartão postal era de Beirute, mas ainda era do meu vizinho, o dono do Duque, e na caligrafia ruim eu só consegui ler um "obrigado".


COPACUBANA

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sol da tarde

Toda manhã é só mais uma, todo sol é o mesmo sol pra todo mundo que ainda insiste em reclamar do tempo. Mas cá entre nós, bem que podia chover mais tarde, né?
E falando em mais tarde, talvez seja tarde pra falar alguma coisa e sussurrar uns amores por ai, mesmo eu achando que é cedo o bastante pra todo mundo rir em paz mesmo do avesso. É cedo, bobagem, nunca é tarde pras coisas da vida, nunca é tarde pra mais uma mentira imperdoavel ser perdoada, pras músicas velhas serem cantadas e pros passarinhos daquela janela ali cantarem também.
Só não esquece do tempo, porque nunca é tarde mas existe o atraso, e é cedo que eu me refaço e lembro de você. Nunca é tarde mais o tempo castiga, mesmo aquela mão amiga que bagunça o cabelo domingo de tarde tomando sorvete de morango.
Hoje é tarde, na verdade não é tarde, é só depois da manhã e antes da noite. Não é tarde, só é um dia jovem, cansado e quente, sem nenhum sabor aparente esperando a lua chegar.
A tarde é nossa, à tarde nunca é tarde pra amar.


COPACUBANA

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Mês um

Como é que se volta a fazer algo que nunca foi aprendido, algo pra ser entendido, aquilo que eu devia falar e não ter escrito? E eu volto assim, fazendo perguntas bobas e rezando pra chover, mesmo sabendo que o sol também abençoa e o calor febril (assim como eu)
não faz mal pro amor.
É ai que as palavras não saem, ou vem curtas demais pra descrever aquilo tudo que eu não me canso de ver e poderia repetir nove milhões de dias, assim, seguidos e surrados, sofridos, batalhados e sorridos, nesses sorrisos que acompanham a felicidade.
Depois de voltas e rodeios, mãos dadas e vento bagunçando cabelos debaixo daquela sombra escondida, depois de não saber direito o que dos quais e poréns essa noite eu só queria saber de verdade se você tá feliz.



COPACUBANA

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Algumas vozes que eu não queria ouvir se calaram no momento errado, e hoje eu vi que infelicidade e auto-ódio são caracteristicas que eu costumo preservar mesmo sem perceber. Porque todo o mundo pode rir e sorrir, mas o meu sorriso vai ser sempre falso, falso como um desenho de giz, errado, canhoto, contrário.
Ouço e vejo explosões de algumas cores mortas, ouço e vejo várias linguas mortas conversando comigo numa noite qualquer, ouço e vejo eu mesmo no espelho quebrado pendurado na parede, ouço e vejo ninguém olhando pra mim, mesmo querendo falar de qualquer fim feliz, mesmo querendo falar de qualquer tarde morna, mesmo assim, talvez isso não seja um futuro e viver de passado é privilégio reservado aos que já caminharam o bastante.
A fúria não se mede, o grito não se conta, a história não se faz e eu não sei o brilho que pode vir a ter os olhos que um dia hão de cair, hão de enxergar um escuro final e assim luzir, naquela luz do fim do tunel que o silencio já cansou de me apresentar, e que eu, por assim dizer, já recusei ou desviei o olhar. Se eu pudesse escolher e fazer de mim o alguém do meu querer, eu fugiria da cidade e viveria escondido, eu beberia meu veneno, beberia um copo de noite bem gelado, enquanto estivesse cantando mal e errando as notas pra espantar qualquer dia quente que viesse trazer o sol.
Eu que tanto errei, eu que me distrai, hoje estou aqui ouvindo e vendo tudo que um dia eu não quis, dizendo e berrando tudo que, em algum dia feliz, eu neguei acreditar, todo aquele desespero de treze milhões de dias de chuva, todos os outubros perdidos em choros e velas e todas as vezes que eu explodi os planetas que rondam as órbitas dos meus olhos acessos. Toda vibração do que eu não senti hoje concentra num eu que eu não conheço a ferrugem desses espelhos que ainda insistem em refletir. Hoje, talvez, perdido em mim.


COPACUBANA

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aquela Loira, aquela mesmo...

Pois bem, caso estejam lendo esse texto, peço-vos que leiam previamente o texto intitulado “Aquela Loira...” para melhor compreensão.

Aquela Loira continua atormentando meus pensamentos, mas de uma forma boa, saudável, agradável e, às vezes, dolorosa. Antes que se perguntem, não. Ela ainda não pretende usar meu sobrenome. Mas Sim, ela me notou.

Alguma felicidade tenho eu agora, já que Aquela Loira tornou a me ver e até houve, por parte dela, uma ligeira e vaga simpatia, creio eu.

“Ainda estou na batalha por um lugarzinho no coração dela. [...] Vamos ver se obtenho mais sucesso daqui pra frente”.

Ela ainda é Loira e ainda é Linda; Uma Linda Loira Linda, cada dia mais linda e mais encantadora.

COPACUBANA

sábado, 26 de setembro de 2009

Meu paraíso

Eu continuo aqui, vivendo no paraíso escondido, onde eu sou condenado por querer amar demais. Achando que ia ser fácil, eu errei várias e várias vezes e perdi a cabeça pensando em coisas que eu não deveria pensar, mas eu sei que se eu disser "OI!" na hora certa, vou ganhar um sorriso e algumas horas de boa conversa, felicidade não é medida ou alcançada, mas deve ser sempre o motivo e o motor da busca.
Eu não entendo que eu não vou poder estar sempre por perto pra levar suas malas, mas eu espero estar sempre perto do seu coração quando você não tiver coragem de gritar tudo aquilo que precisa desabafar pra se sentir mais leve. Essa leveza é muito mais difícil de manter quanto qualquer peso que esteja nas costas de qualquer pessoa, porque conquistas são boas até que sejam destruídas, enquanto o fracasso dura pra sempre.
Não poderia acreditar em derrota, o que eu não conheço não existe e prefiro acordar pela manhã, mesmo que um pouco triste por todas as pedras que tive que quebrar, do que deixar ser quebrado por todas as pedras que são atiradas, continuo assim, eu perdido num paraíso imaginário, onde sou inatingivel e inalcançavel, onde toda dor é boa e todo canto é de amor, onde meu canto é tão florido quanto qualquer campo de flores por aí.


COPACUBANA

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Graça

Com graça; Sem graça; Desgraça; Graça. Todos têm aquele amigo engraçado, que faz todo mundo rir na hora em que ninguém tem nada pra falar, ou até mesmo quando outros estão falando. Aquele que te interrompe para fazer uma explanação das aleatoriedades da vida, mesmo que nada tenha a ver com o momento, mas que arranca sorriso de todos os rostos apenas pelo fato de ter falado.

Ser engraçado é engraçado. No entanto, só o é quando as pessoas ao seu redor souberem que tudo não passa de uma brincadeira só pra descontrair o momento, só pelo prazer de fazer o outro rir. Aí mora o perigo. Algumas pessoas não entendem brincadeiras, levam pro pessoal algo que não deveria passar daquele momento.

Aí vai um conselho de um mero “hilariador”, às vezes, mal compreendido: Sejam pessoas engraçadas ou cultivem amizades assim, pois a vida sem humor é impossível.

COPACUBANA

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Conjunto

Reflexo de tarde debaixo do pé de manga, pensa junto o que não pode pensar em um, vive junto o que não pode viver em um, apóia a queda quando cair é efeito, afeta o ser quando descobre defeito, bem feito, mal feito, feito.
Escrevendo sobre absolutamente qualquer coisa, sobre absolutamente qualquer nada; talvez pensando em tudo, talvez indagando nada. Conjunto junto desconjuntado conjuntamente. Bagunçado, atrapalhado, simples e engraçado.
É difícil aceitar tudo aquilo que eu não quero aprender, escrever por escrever, pra depois ouvir quem evita me entender dizer que eu tenho que escutar, dizer que eu não posso ser tudo aquilo que eu sonho pra mim, dizendo que tudo o que eu consigo desejar é tão fraco, tão fácil de rejeitar que a sarjeta é habitada por todos aqueles que escrevem livros internos, lidos por mentes (que dizem serem loucas) que aproveitam uma tarde nublada com irmãos escolhidos.
Exageros são aceitáveis, gritos são escutáveis e situações contornáveis, ainda não sei o que eu quero fazer da vida, talvez ser só um vivente não seja tão suficiente quanto eu imaginei nesse começo meio desesperado. Se qualquer coisa de pior acontecer, prefiro não ver o resultado, mesmo sabendo de um final cortado e recortado é mais cotado pra um poeta morto no corpo de alguém que eu conheço, mesmo quando eu desconheço a origem das palavras, vejo-as como cores, sabores e cheiros e não quero partir pro outro lado do mundo sem provar todas, contando com as amargas.


COPACUBANA

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu te escrevi

Que direito eu teria de transformar em palavras a obra prima que mãos que não conheço pintaram com tanto capricho, já que mesmo procurando em todas as linguas não acharia palavras que descrevem as cores perfeitas e os sons desse quadro que anda por aí, coberta de um sol noturno, perfeito e contraditório até nos seus passos em direção a padaria.
Mesmo esquecendo do ideário de perfeição, lembro do seu rosto rindo e me achando um bobo à cada tropeço que eu dava numa história (estórias) que não soube te contar. Se eu fosse um artista, minha casa estaria coberta de fotos e quadros, de cenas e poses, que me lembrariam da impossibilidade do seu perfume contrastando com meu cheiro mau-humorado de café recém passado.
Eu estive (e estou) preso no meu paraíso, mas estou preso aqui sozinho sabendo que tudo que eu fui um dia está ai na beira da sua casa, naquele morro chato de subir, esperando você jogar a chave de cima da escada, porque eu já sou de casa e você tem preguiça de abrir sua porta. Abre sua mente pra mim e entende que todo meu pecado foi querer demais, querer até fugir por não saber o que fazer ou pensar, por não poder me habituar a ver seus olhos tão escuros quanto a manhã que acorda, encarando meu eu tão teimoso, feio e triste, que alegraria num sorriso perdido, roubado naquela esquina onde eu pedi seu telefone.
A verdade não foi bem assim, você continua aí longe de mim e mesmo perdido num paraíso de candura, onde a doçura fez um ninho próspero, estou preso sem poder ouvir suas vozes, disfarçadas em milhares de nozes finas de gosto tão comum que eu poderia me viciar, e ainda espero a oportunidade de ser só mais um dependente de você.


COPACUBANA

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Intervalos

Nasci ontem e vou morrer amanhã, o intervalo que me resta gasto com coisas imorais, imateriais que vão rodar o mundo tantas vezes quantas eu puder respirar até não poder mais. Nesse intervalo meio contado eu ando torto, pisando em falso e despenteado, minha caneca de louça com letras garrafais escrevendo "Tommy's BRAND COFFEE" só me fazem acreditar ainda mais que eu não sou o Tommy da marca, não vou conhece-lo e sequer serei tão conhecido quanto ele. Minha passagem é vã, ou talvez não vá.
Minha estrada cheia de pedra e vidro é difícil, meu céu é azul como o de todos, minha grama é verde e meus olhos embaçam fácil, mas estão abertos o suficiente pra aprender que não tenho estrada, céu ou grama e que a prece que faço na cama é fé em algo maior, mas também é fé que eu tenho que ter pra saber que o sono logo vem e vai me levar pra terra além do viver e morrer, pra terra onde nos resta sonhar e acordar sabendo que morreu numa outra vida qualquer.


COPACUBANA

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Libertá

Cansei de falar da chuva lá fora, hoje chove aqui dentro, chove da minha janela pra fora, molha meu rosto e demora a cair, salgada como um tormento, um carinho, um lamento, chora com inveja do que era doce. Água se faz rio, corre pra maré, da maré corre pra cá, inverte a estação, muda a onda breve, quebrando leve na brisa da viração.
Virei o tempo procurando meu amuleto de uma sortezinha leve, levantei montanhas pra procurar um trevo qualquer e atravessei desertos chilenos a pé pra procurar uma flor que me leve, que floresça e refloresça num jardim de um Éden avesso, no verso da minha casa em cor, ouvindo uns sons bonitos de dor, dos pássaros presos no mundo. Esses que as asas são sua cela, gaiola de tela disfarçada, trancada nuns fios de madeira que voa, voa, voa e não acha nada.
Liberdade é mesmo enxergar o que todos os olhos não veem? Ou é só se aceitar, sorrir e chorar sempre que o coração mandar assim imediato, às vezes doendo de chato, chamando pra longe ou pra perto, chamando pro mar aberto onde a sua casa faz meu farol.


COPACUBANA

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Recortes

Domingo agitado, muitos passos no assoalho e um sol cinza, frio e tímido entrando por uma das duas janelas do quarto. Talvez não seja eu, sim, sou eu. A variedade é grande, eu sou muito assim, de ser dois ou três, não sei.
Queria as janelas abertas, escrever tal qual poetas que viviam pra viver.
Abrir um caderno de tão tanto tempo e ver alguns rabiscos tão bem prostrados me faz vontade de rabiscar, só pelo prazer de sujar uma folha em branco.
Talvez meu coração não esteja tão aberto quanto deveria, talvez os ventos fortes não façam barulho nas janelas afinal. Logo que que não sei onde colocar os pontos, ligando uns aos outros pra formar um desenho qualquer (girafas são engraçadas nessa brincadeira), logo eu que hoje estava meio desgostoso, e uns rabiscos ordenados fizeram o esboço de um sorriso, meio amarelo, é verdade.
Eu gosto muito mais de um lirismo fajuto, que disfarça o ser sozinho, mas às vezes o mundo grita e eu não sei como fazer as rimas no encaixe. Numa caixinha de fósforo cheia, fazendo batuque de um meio samba as coisas repetem, se invertem e dançam como o que eu escrevo no fim. Uma falsa mão pra te levantar só te derruba, e eu posso até ter esquecido quando alguem me disse "oi", mas logo lembrei de um rosto antigo, marcado de velho numa gaveta quebrada, pintado de tempo num tempo qualquer.


COPACUBANA

domingo, 6 de setembro de 2009

Desabafo...

CONFIANÇA. Ou melhor, falta de. Seria tão bom se as pessoas confiassem umas nas outras, ou fossem passíveis de confiança, mas eu já estaria feliz se elas confiassem em mim. Extremamente feliz.

Confiança é necessária em qualquer relacionamento. Quando se perde, reconquistá-la é mais difícil que conquistá-la da primeira vez. Vez por outra me pego desconfiando das pessoas. Por quê? Indago-me. Nem sempre há resposta. Devemos dar uma chance pra que provem que estamos equivocados.

CHANCE. Essa palavra não faz parte do vocabulário de muitas pessoas, tal como CONFIANÇA. Mas deveria. Por falta de confiança pode-se acabar uma amizade, um amor, uma vida.

Enfim, tentem confiar nas pessoas sempre que possível, vale a pena! Experiência própria.


COPACUBANA

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Frio de dia

Tem manhãs que acordam assim, friozinho, soprando fumaça no vidro e escrevendo sonhos bobos no vapor. No dia que amanhece escuro, o frio acalma a dor de um domingo que vai ser esquecido.
As cores mais cinzas, bentas de sol, podem brilhar num papel amarelado, contanto que os lápis do lado forem guiados por uma mão feliz.
Podia seguir nessa manhã, inconscientemente, andando com o pé machucado, usando o ontem de bengala mancando pra amanhã.
Troquei meu sapato novo por um chinelo velho, pra combinar com a jeans surrada e o coração cansado.


COPACUBANA

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

De Choros e Lágrimas

Chora a moça. Chora para limpar a alma, chora para extravasar, chora para transparecer emoção, chora para se sentir viva. Chora por ele; chora por ela. Chora. Chore moça, chore e deixar-te-ei fazê-lo, pois nem todas as últimas lágrimas são de tristeza.

COPACUBANA

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Primeiro

Aproveitei, revirando os discos velhos naquela arca no quarto vazio, pra escrever uma história de vinil, lembrando um tempo em sépia e ouvindo um chiado charmoso, dizendo que o ontem agoniza, mas não morre.
Me sinto bem, pelos quadros na parede e pelos que ainda vou pendurar, sinto o bem mesmo no frio, quando eu preferi chorar sorrindo a alegria da morte que não veio (ela veio depois). Passou na porta do meu quarto, levando um pedaço de mim, pesada e marota assim, brincando de pula-cela sem saber os corações que vão parar. É uma imagem diferente, lírica-louca, talvez o digam, mas eu queria era mesmo dizer isso, que o nó da minha garganta não se desfez e que o choro na porta da igreja, ajoelhado na escada tão velha, partiu mais tarde naquela vez.
São assuntos também mortos, que choram mesmo quando arrefecer, não se fazem lembrar (ou imploram) um choro e um soluço, aquela mão que treme sem perceber, onde e quando naquele portão, preto de tinta descascada, deixando vazio o vagão da mente e da minha alma.
É assunto já bem velho, cansado e talvez bem gasto, vou contar aos netos que virão (se vierem, meu bom Deus) que não se cala um coração, que sempre se grita um perdão, mesmo que não se deva um dever. Flores em campos também velhinhos, talvez eu esqueça dessa vez, pra uma lápide - não fria - fazer alecrim nascer e perfumar a nossa morte, que mesmo como um dote nos leva pra perto do céu, lá onde fica a sustentação. Notas e harpas, pianos desafinados, agora eu vou pro céu, pruma nuvem de bom-lar.


COPACUBANA

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Carnival

Não quero saber o que vai acontecer, tomo uma condução por vez, atravesso o mar à nado e compro mais um livro pra minha estante. Ontem emprestrei outros três.
Tenho alguma cor no pôr que vejo pela janela do ônibus azul, depois pego outro amarelo pra chegar no meu destino, mas as cores são bem mais bonitas se vistas de olhos coloridos, brilhantes ou pálidos, mas sem catálogo na caixa de lápis, sem rótulo na embalagem, sem embalagem no embalo docinho, mas com algodão doce num parque americano qualquer, que eles insistem em chamar de carnival. Carnaval me lembra praia e rede, morena e rosa, cheiro e gosto, gostar de quem gosta.


COPACUBANA

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O mar de novo

Os preços da vida e os pontos sem nó, os nós sem ponto nenhum e a vida em pó, pra por na água fervente e fazer uma nova.
43 quilometros em metros, atravessando a cidade pra encontrar um ponto final, uma exclamação que seja num apartamento qualquer. Atravessando o oceano, dando nós-de-marinheiro pra manter minha mente de pé.
Balada músical leva as notas pra janela, emoldura minha tela num cenario diferente. É particular em quanto meu, e seu enquanto nosso, me fazer feliz é meu negócio até a hora de iluminar. Ser feliz não é poema, é texto ruim, teoria de ninguém, procurar o que não vê e ver o mais-além.


COPACUBANA

domingo, 2 de agosto de 2009

Dia chato na lagoa, vendo os pombos ciscando e aquelas mesmas cenas comuns, lugares-comuns, clichês de cinema.
Mas eu gosto dos clichês, já chorei no cinema e filmes de ação não são meu forte, prefiro um capuccino ou um chá gelado, vendo um amor inventado numa tela grande.
As trilhas são as melhores, o Jazz parece chorar, um Blues bem encaixado também dá o ar da graça em qualquer parte de cena velha, preto e branco é mais clichê, esqueço a tela e olho pra você comendo pipoca. Sonho velho e fotografias não ilustram tão bem quanto uma Polaroid ou uma 35mm, já que o amor é tão velho quanto o tempo e merece tratamento especial, envelhecido com o charme de ontem.


COPACUBANA

terça-feira, 28 de julho de 2009

Mapa da prece

Vai se perdendo em sonhos bons e ruins, não sei bem o que é e vou me perdendo assim. Queria aprender e rezo, Deus me ensina pra eu poder ensinar, me faz aprender o bem, me faz de bem com meu par.
Vou mudando, seguindo o tom, mesmo desafinado como de costume e cantando baixinho, queria mesmo é plantar roseira alta, pra perfumar o quintal e chamar umas abelhas de mel doce, pra adoçar o meu chá natural e lembrar do seu cheiro, doce de outono amarelo.


COPACUBANA

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Conversa com retrato

Eu que me irritava quando você pedia Fanta Uva na praia, enquanto eu tomava uma água de coco gelado, bem natural, talvez você não lembre também de quando eu ia lá pro mar (ah, como as ondas gostavam de você) e você - desesperada que sempre foi! - vinha correndo e gritava bem alto que não queria que eu entrasse, porque tinha medo do oceano me roubar.
Parece que foi ontem, eu cantando baixinho no seu ouvido, não sei se você se lembra, aquela nossa música que te arrepiava no pescoço, bem onde eu gostava de beijar. E tinha aquele nosso banco da praça, só nosso, no canteiro do coqueiro, numa sombra bem fresquinha.
Acho melhor esquecer do dia que você bateu chorando na porta da minha casa, já bem de noitinha, dizendo que só ia dormir se fosse abraçada comigo, porque seu pai (que não falava com você há um tempo) tinha brigado e levantado a voz, pequena, eu só queria ver você feliz, por isso beijava sua boca salgada de lágrima, enquanto você bagunçava meu cabelo daquele jeito que só você sabe.
Teve também aquela vez no aeroporto, que você ia viajar com suas amigas e tava me esperando pra se despedir, lembra que eu me escondi de você atrás da pilastra e te dei um susto, só porque você ficava linda com aquela cara de emburrada?
É pequena, saudade não preenche o vazio que ficou aqui, não perfuma nosso lençol branco com aquele cheiro de erva doce e alecrim e nem briga comigo por causa da toalha molhada em cima da cama.


COPACUBANA

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Café doce

No bolso de trás, a paz desejada e na nos pés de sandalha, a calçada quebrada.
Andando por aí, nas ruínas de amanhã, planejando meu ontem eu fui no sereno de dor e de frio, procurando um abrigo.
Minha parede (descascada e sem tinta), segura pesado um porta-retrato, carimbado, manchado de tempo, perdido e passado, qual borrão de um café amargo no doce de nós.


COPACUBANA

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Lamento ao tempo

Mandei uma carta de fogo pro senhor do tempo, dizendo (aos berros, desaforado!) que os minutos e as horas andam curtas demais, que não consigo encontrar a paz no pouco tempo que ele dá.
Ele me respondeu, calmo e sereno que é, que não adianta se queixar do prazo que ele nos dá, respondeu choroso também, sabendo da dor que sente em não poder prolongar as boas horas e adiantar os segundos de medo e fúria.
Me mandou ainda, de presente (um agrado), um relógio novinho, com ponteiros que brilham no escuro e apagam as mágoas. Uma pena, veio sem bateria.


COPACUBANA

terça-feira, 21 de julho de 2009

De mudança

Tô fazendo minhas malas, hoje eu me mudo do mundo, meu transporte tá chegando. Vou nas asas dos meus medos, nos receios do outro lado.
Vou me mudando pra terra dos poetas, onde embriagados com copos na mão, caem abraçados no nada em noites em vão e escrevem dos trens o vagão mais pesado, que vai cheio de glórias.
Minha bagagem (vazia e leve) vai na maria fumaça, pra ser entregue à sorte de alguem, sem perguntar por quês nem pra quem, seguindo a viagem de graça.
Vou pra um mundo vazio, perdido e esquecido então, onde moram fantasmas do mau, fantasmas do bem e fantasmas do meu, colorido em monocromo, no papel amarelado, quero encontrar uns versos perdidos e devolver os que foram roubados.


COPACUBANA

domingo, 19 de julho de 2009

Ponte e Praça

Também perdido onde o concreto dá flor, meu caminho passa a ponte alta todo dia. Lá embaixo a água me convida, atravesso ainda com vida e mantenho a máscara branca do que virá.
Ave escura de porvir, traz notícias de amanhã e diz que pra mim que toda sorte é boa e que a ventura voa baixo.
O barco partiu mais cedo, meu norte agora mais longe e eu no cais do porto, ali perto da Praça Oito lendo meu jornal de ontem.


COPACUBANA

sábado, 18 de julho de 2009

Retrato do inverno na areia

Lençol vazio e noite clara passando em claro, lendo um livro. Te procuro nos tetos das casas voando na brisa do sonho esquecido.
Meu sonho era você no sono do meu ladinho, com a luz do nosso farol vigiando nosso descanso. Onda quebra na areia escura, engole a espuma do mar-espelho, leva nosso porta-retrato pra enfeitar de conchas o seu cabelo.
Queria ver a hora parar quando você mais desejou, pra poder - enfim - te carregar nos braços pro litoral, daqui pra guarapari num barquinho até meu farol. Lá tem luz perfumada, coberta de trevos e contos, cantaria feliz no meu canto musiquinha de simples amor.


COPACUBANA

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pra você...

Eles juntos aqui; Eles juntos lá. Ela pra lá; Ele pra outro lá. É isso q a vida faz com as pessoas às vezes.

Você para pra pensar e vê que a vida é tão boa ao lado daquela pessoa, que é assim que você quer viver. É assim que você quer ir levando; e é assim que você quer que a vida te leve.

Você lá; Ele em outro lá. Você para pra pensar, por que tem que ser assim? E se lembra que alguém, uma vez, disse a ti que “Deus escreve certo por linhas tortas”.

Você aqui; Ele aqui. Amor perfeito no teu peito. Você lá; Ele em outro lá. Vocês bem que tentam, mas o amor que era perfeito no teu peito agora não é mais perfeito, mas ainda é amor, e ainda em seu peito é capaz de semear amor em outro alguém. Alguém que, perto de você, traga de volta o amor perfeito para o teu peito, e traga de volta a maneira perfeita de levar a vida.

Eles juntos aqui; Eles juntos lá. Ela pra lá; Ele pra outro lá. É isso q a vida faz com as pessoas às vezes.



COPACUBANA

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Noite de Solemar

No claro da areia do solemar, o sol brilhando fraco nessa tardinha devagar, eu podia voar.
Aquela moça de pés na espuma da onda, fechando a luz vermelha do céu, água fria no mar e nuvem de cor, finge que é algodão doce pra adoçar o meu amor.
Caos organizado na aliança de coco, caiu a noite calma e a fogueira acendeu, o vermelho do céu pintado de sol agora queima nas conchas da areia que, espantada e apaixonada, desenha corações pra você.
E o mar, com sua coroa natural, canta onda quebrada e traz barcos e flores, tesouros esquecidos e amores perdidos enquanto você dança.
Seu vinho e seu mel na beira-mar, fogueira e papel desenhado, rabiscado de nós dois noite afora, joga flores da varanda na hora que chuva de vagalumes vem cobrir nosso sono.


COPACUBANA

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vermelho e Preto

[Aviso amigo aos desavisados, post totalmente parcial!]
Paixão é um pouco pouco, eu fico sem saber o que dizer, as palavras se embolam, as bandeiras desenrolam e o grito é solto enfim.
Meu coração tem duas cores, rubro do amor e negro da raça, quando no fim o silêncio nos cala, nos arrebata de emoção e descobrimos que é assim que queremos morrer.
Esse é o meu desejo, não quero morrer dormindo, não quero morrer chorando, não quero ir de repente. Quero ir assim, gritando meus pulmões rubro negros na fúria mais bonita que eu posso sentir, sentir meu coração parar num estopim, explodir de amor, descansar, enfim flamenguista.


COPACUBANA

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pincel de nós

Os caminhos são muitos e as pedras também, mas enquanto eu passo, semeio flores pra quando ela vem.
Ladeado de lírios e margaridas de cor, vou esperando você, pra assistirmos juntinhos o nosso sol se por (e esperar juntinhos ele também nascer).
Os traços, as cores, é tudo minha inspiração. Nos traços dos seus olhos, pós-modernos que forem, guardam sua torre de marfim no sorriso.
Sorri pra mim?


COPACUBANA

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Estrelinhas de você

Mas meu céu não é tão claro, onde só brilham minhas estrelas da sorte.
E quando chega a manhã e o sol insiste em ser de ouro, minhas estrelas de prata e trevo se escondem de vergonha, por sorrirem tão pouco pra mim. Eu já tentei voar com o vento, pra pegar essas estrelas e colocar no meu cordão, já te ofereci minhas estrelas pra te tirar da escuridão.
Sai da sombra, esquece o féu, você é lua, brilha no meu céu, moça. Seu sorriso pintado de prata me faz esquecer o mau.
Passa o pincel de negro e escurece o céu da manhã, pra noite chegar mais cedo e minhas estrelas da sorte sorrirem.
Me faz esquecer do norte, da sorte, da morte. Canta música pra aquietar meu coração.


COPACUBANA

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Título atrasado

Casa colorida com flor na janela, abre com o vento o coração dela.
Eu seria capaz de vender o sol pra te levar pras montanhas de manhã.
Manda um beijo pra sua irmã e diz que eu volto tarde, cedo o bastante pra te fazer feliz.


COPACUBANA

quinta-feira, 9 de julho de 2009

1 mês

No dia de hoje o blog completa 1 mês.
Queríamos agradecer à todos que leram nossos textos;
À todos que fizeram o mínimo esforço para entendê-los;
À todos que comentaram (principalmente Karolaine e Carla);
À todos que divulgaram nosso blog...
Enfim, continuem acessando, pois o verdadeiro prazer de escrever está em ver que as pessoas gostam do que foi escrito..

Beijos e Abraços,

COPACUBANA

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Carta pra Joaquim

A chuva que me lava hoje não vai ser a mesma que vai nos lavar, nos levar, mas o reino que não foi meu, sirvo de arquiteto pra que seja o seu e vou desenhar à mão os poemas de sua coroa.
Tira os cabelos claros dos olhos, pra que (escuros que forem) enxerguem a frente e minha mão, que hoje transforma palavras em tijolos, que seja de carinho e te sirva como guia num caminho bom.
Espero varrer sua trilha com rosas e gritar com o vento, toda vez que soprar na direção que não te levar ao nosso mar.
Espero ouvir seu choro de bem-vindo e chorar junto de alegria, pela porta que vai ser aberta, pela ponte construída acima do bem e do mal, onde minha lua vai passar de pés descalços te trazendo no colo.
Minhas palavras-tijolos vão te construir um rio bem grande, que no calor vai ter a sua água salgada pra te lavar. Vou também conversar com o sol, pra secar todo mal e iluminar seu redor, espantar toda noite fria em que você chorar escondido de mim e da lua. O sol vai ser nosso amigo e, espero poder te prometer, que todo vento que assoviar na nossa janela vai levantar sua pipa colorida, pra sua risada florida enxer nosso castelo de amor.
O céu do seu quarto azul vai brilhar, a prata dos olhos dos seus primeiros dias vão, de inveja, roubar esse azul e fazer do seu ver uma piscina. O mergulho nas águas dos olhos vão trazer felicidade à casa, vão agradar o verde das matas que podem (e vão) querer se encostar.
A música vai ser cantada quando você tiver fome ou sede, vou trabalhar pra poder te saciar com amor e samba, com chorinho alegre e dança da lua no seu berço quando ele for cama.
Eu também vou aprender aquela mágica velha, de transformar medos em coelhos e tirar da cartola risadas, jogar os medos perdidos fora e te dar minha mão como um par.
Eu só quero que você venha e chore seu choro comigo, quero ser seu herói preferido e poder te proteger. Vou te dar minha medalha santa, meu segredo e minha herança pra você nunca mais se esquecer.


COPACUBANA

terça-feira, 7 de julho de 2009

Jardim dos retalhos da música

Hoje eu acordei num jardim de sorrisos, soprei um desenho no seu ouvido enquanto dormia e abri a janela. No céu azul alguns retalhos brancos, uns remendos em amarelo, vermelho e laranja costurando nosso sol nascer.
O frio também entrou na roda, sambou devagar e ficou por ali. Enquanto você dançava, sua saia rodada rodava e o amarelo dela ainda brilhava, mas com inveja do verde que você esconde nos olhos.
E agora eu vou sair, sentir o frio da praça e dançar no meio-fio sua graça, regar suas cores e notas com a música do vento da praça, pros seus sorrisos sambarem pra mim.


COPACUBANA

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Meu abandono

Da chuva e do mar, o importante é que lava a alma. E eu (logo eu!), que carregava umas tristezas, agradeço a chuva e ao mar.
A sorte da virada veio na hora certa pro coração que é bobo, veio sem ser esperada. Bateu na porta mansinho, entrou devagarzinho e se aninhou no seu lugar.
Meu coração é bobo e eu acho que ele é pardal, Voa por aí seguindo tudo que brilha e faz ninho.
Logo eu, que gostava de tudo diferente, que via um mundo no vento e não reparava no vento do mundo que batia debaixo dos pés, que insistia em me fazer voar.
Com o cabelo enrolado, eu vi aquela moça voar. Foi ali que eu percebi que o vento é meu amigo, que eu podia chegar no alto e encontrar bem no olho dela o verde que faltava em mim.
E lá de cima com ela, eu quis descer. Desci com ela do meu ladinho e a chuva que lava minha alma, com ela que sorri e faz graça, sentamos no banco da praça pra ver a vida passar.
No passeio da vida com ela, eu agora preciso do cheiro do cabelo enrolado, do vestido verde do mar que reflete a cor do seu olho e onde eu me abandono no sono, sabendo que vou descansar.


COPACUBANA

domingo, 5 de julho de 2009

Chove Chuva

É essa chuva que não para. Esse tempo que fica feio. Esse dia que fica melosquente, deprimente, apagado. Ou não. Às vezes, dias como esse são necessários para que pensemos em tudo, em todos, ou só em um alguém.

Geralmente, só em um alguém. Alguém que te marcou. Alguém que te faz sorrir só por estar perto de você. Alguém que tira o seu sono depois de dias sem dormir. Alguém que te faz querer algo mais da vida; Algo mais do mundo; Algo mais de alguém. Alguém com quem você sente uma vontade súbita de passar todas as horas, minutos, segundos; todo o tempo. Alguém que você não se cansaria de acariciar; de elogiar; de galantear. Alguém...

Dá pra explicar? Não, não dá. É assim; é o amor; é o desejo; é a vontade; é a necessidade; é o carinho; é o abraço; é o beijo; é tudo e nada; é nada e tudo.

A vontade de compartilhar tudo; de falar besteira; falar só por falar; só para ter o prazer de ver o outro rir. Se todos dessem sorrisos a vida seria muito mais agradável; não que eu não goste dela; adoro, diga-se de passagem. Adoro por que eu sorrio; só não adoro mais por que sorrisos foram feitos para serem dados em pares. Alguém quer sorrir comigo?

Sorria para alguém, que alguém sorrirá para você.

Jorge Ben já disse: Chove chuva, chove sem parar...


COPACUBANA

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Giz de cera

Em tempos que todos são profetas, eu acho bom ser um rosto de máscara na multidão sem rosto.
Minha cor é meio pálida, mas eu ainda tenho cor, do céu colorido e do amor mal pintado na mão da criança. Mal pintado não é mal amado, mal pintado é simples assim, que de tão bonitinho não chega ao fim e passa das margens.
É não se isolar na moldura, mostrar que o giz de cera na parede não é sujeira e que a diferença é tão bonita, que vale a pena ficar estampada sujando a casa.
Das obras de arte que eu vi, prefiro arte de criança, que pinta o sete e canta ciranda, roda a roda e cai em pé.
Se for choro, que seja de criança, que começa quando vê ralado e acaba com um beijo roubado na mãe antes de ir dormir.


COPACUBANA

quinta-feira, 2 de julho de 2009

De Anas e Montanhas

Das Anas que conheci, todas elas são sorriso. Umas mais doces, outras mais amargas, algumas quietinhas, outras desesperadas. Mas não tem uma só Ana que não tenha deixado nada.
O que eu sei de Ana é assim, ela chega como quem não quer nada, bate a porta sem se ver tocada e ainda sorri de iluminar a noite fria quando, mesmo quando, ela mesma é pedra.
São Anas bem fortes e todas talhadas em dor, todas elas me ensinam e eu ainda não sei direito se rezo pra Deus por sua força, ou rezo pela calmaria.
Todas as Anas que eu conheci, conheci de sol aberto e peito se pondo.


COPACUBANA

terça-feira, 30 de junho de 2009

A alegria do vento soprar

Emoldurei a viração, da maré alta ao coração. Perdi minha foto pequena, guardada tal qual amuleto, patuá de amuleto da foto pequena, patuá me dá sorte e do sol quero a pena.
A pena do sol é de ouro de brilho, a pena do sol, do sol passarinho. Eu queria meu trevo pra sorte virar, que vira no trevo pra chuva chorar.
Violeta e erva de chá, vento venta forte pra moça sorrir. Roseira branca e folha cidreira, dá a calma ao vento pra moça cantar.
Canta meu encanto, de canto choroso, não canta meu verso, tão triste e manhoso, só chora alegria se o vento soprar, expulsa a tristeza pra flor enraizar.
Espelha minha flor, na morena chá. Se é pedir muito me avisa de lá, me manda uma carta assim perfumada com flor diferente, pra um dia o coração da gente se aquietar. Sua boca de prata na fumaça do espelho, chorando seu olho da cor do cabelo.
Chorando alegria e o vento soprando, meu trevo da sorte da vida levando e minha corrente, pendurada no pranto, é leve e da gente com a sorte cantando.


COPACUBANA

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Das mãos sobre a taça

Falando de conquistas, vitórias nem sempre são vitórias. Às vezes você ganha e queria ter perdido, porque a prata brilha mais que o ouro. Tem campeões que queriam nem ter participado, só pra evitar o peso do ouro.
Pra mim, que seja ouro de folhas secas, prata da lua alta e bronze de coração, ganhar não é o caminho.
Mãos de calos e cortes, braços magros se fazem fortes. No prato, a alegria, por vezes, um prato sem nada pro filho poder sorrir.
E o sorriso do filho na mesa, refaz toda vez a certeza, dos calos sem ouro nas mãos, dos cortes que não fazem vencedores e da pele manchada de sol.


COPACUBANA

domingo, 28 de junho de 2009

Conceitos e conceitos

Na verdade, é tudo uma questão de conceitos. Conceitos, malditos conceitos.
COPACUBANA

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Quebra coração

Outono amarelo, me dá o que eu quero, com o céu bem lavado com a água do sol, me dá o arrebol.
Em sis, dós e sols, inverno escuro, tão qual o meu mundo e o olho dela (que olha meu mundo), que se encontram em cima de um muro alto.
Inverno e outono, irmãos de pertinho, os dois bem juntinhos e rindo de mim.
São moleques brincando, dois passarinhos, de frio no pio, do pio do riso, do riso de mim.
Quebra coração, esperando o verão chegar.


COPACUBANA

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Da minha fórmula

Felicidade é o caminho, e é nisso que eu acredito.
Por mais que pessoas digam que seus objetivos sempre terminam nela, ledo engano, seus objetivos deviam estar ao redor dela, baseado nela, tendo-a como alicerce.
O poder de se auto-sugerir a felicidade é tão maior que qualquer dificuldade que se tenha pra alcança-la, que talvez seja tolice dizer que não encontramos.
A felicidade nasce conosco, nos persegue e, na vontade compulsória de acha-la, julgamos não a ter. Pensando desse modo, somos infelizes em potencial.
Agora se pudermos acordar toda manhã, agradecer e pensar em como somos felizes, não visando encontrar a tão sonhada felicidade, mas querendo apenas otimizar a já existente em nossas vidas, talvez assim nossos dias nublados se iluminariam melhor com uns sorrisos nesses rostos despretensiosos.


COPACUBANA

quarta-feira, 24 de junho de 2009

De pencas e perdas

Minha morena chá hoje teve gosto de café, amargo e sem graça. Hoje eu vi que ouvir é o melhor remédio, mesmo que a dor seja tão grande.
Ouvi minha dor pequeninha, que o sentimento nem era tão grande, mas foi bem sentido.
Coração miudinho, do tamanho do morango que era doce.
Hoje meu chá de morango não foi, minha fé no que virá tropeçou, meu pré-amorzinho caiu.
Ouvi vozes altas demais, e a minha emudeceu. Eu vi gigantes tão grandes quanto o céu, que me diminuíram ao chão seco do sol forte.
Talvez eu seja pequeno, e sem voz pra gritar bem alto, e ainda acho que minha coragem, cadê?
Eu queria minha morena-morango-chá, queria ouvir minha voz bem alta junto com o pandeiro-coração no chorinho, fazer meu samba-viola cantar.
Quarta de ninguém, de pencas e perdas.


COPACUBANA

terça-feira, 23 de junho de 2009

Da arma do meu reino

Quando eu era menino, conheci um rapaz que queria ser rei. Ele então saiu em busca do seu reino, já que não tinha nome, não tinha ouro e só tinha força.
Subiu numa montanha bem alta (a mais alta que eu já vi de perto) e perguntou ao velho mais sábio (o mais sábio que eu já vi de perto), como fazer pra ser um rei sem reino. O velho, sábio que era, disse ao principe-sem-reino que deveria ele construir o seu castelo, conquistar a sua rainha e tocar o coração do seu povo.
O agora-rei-sem-reino buscou a sabedoria do além-mar, nos livros do além-terra, subiu ao além-céu com a força do aquém-rei.
Um reino não se faz de um rei que manda, de um rei que mata ou de um rei que obriga, o rei que eu conheci, se fez rei com a palavra, ergueu seu trono imaginário nos braços do povo da estrada, que seguia sua estrada de pé no chão e cabeça ao céu.
Exércitos tentaram derrubar o novo-rei-sem-reino, e todos eles se prostraram diante de uma força maior que os canhões e as espadas, maior que o fogo ou a luta, se renderam ao poder da palavra.


COPACUBANA

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dos amigos da estrada

Tem gente que não entende direito, às vezes entendem errado, fazem entender errado.
Eu abraço, abraço como quem não quer nada, abraço de alegria, abraço de tristeza, dou beijo no rosto, dou beijo na testa.
Tenho amigos-irmãos, aqueles que eu não sei se vão estar comigo, mas que poderiam saber que sim, eu vou estar com eles, sempre pra ouvir, chorar e rir junto.
Eu queria poder acompanhar, usar a magia do lirismo e umas poções de riso a toa pra faze-los não se importar com amores perdidos, beijos não quistos e ossos partidos.
Hoje me disseram "eu quero ficar sozinho", com vontade de ficar com alguém.
Às vezes eu não entendo direito, entendo errado, me faço entender errado. Mas eu queria, de coração aberto, que soubessem que compartilho minha paz e (se não for muito egoísta) espero que eles ainda gravem um disco.


COPACUBANA

sábado, 20 de junho de 2009

Já não sei mais

O padrão que me desculpe.

Hoje seria inevitável falar de alguma coisa, mas dessa vez abandono um pouquinho a minha máscara de ninguém pra mostrar um pouco o coração.

Já foi dito muito aqui sobre o amor, e sobre as alegrias e os sofrimentos que ele causa, mas hoje (é inevitável dizer), o assunto é pré-amar.
O pré-amar é a maré baixa, a água rasa, a areia fina e o samba sem tom.
Combina com tudo, combina com todos, vai do riso ao choro, vai do choro ao tombo, vai da queda ao voo. Eu ainda espero encontrar minha menina dos olhos da cor dos cabelos, e vez em nunca eu me imagino com algumas, mas só imagino.
Uso máscara de ninguém, prefiro esconder o coração.
Talvez soe egoísta, mas falar de mim hoje era inevitável, falar do tempo fechado ao riso da nuvem na roda de amigos, da dança, do samba baixinho que eu escutava quando elas riem, e da vontade que dava de ouvir elas rindo pra sempre.
Até arrisquei pedir a Deus, pra me dar um amorzinho quietinho, meio envergonhado e escondidinho, mas eu ainda não sei rezar e tenho fé no que virá.
Não quero deixar coração orfão.


COPACUBANA

Facetas do Amor

Amor. Amar. Amar. Amor. Tão simples e tão complicado; Tão forte e tão complicado; Tão bom e tão complicado; Tão necessário e tão complicado; Tão complicado.

Existem várias vertentes do amor, sendo o romance a que me deixa mais estonteante. Dentro dele existem vários outros amores também. Não importa o tipo de amor. Todos, às vezes, deixam-nos tristes, tomados pelo desejo de sumir do mundo, ou até mesmo de nunca ter nascido.

A meu ver, uma das partes mais difíceis do amor é quando a relação termina e nós, ainda amando, temos que aprender a conviver e a sobreviver sem a outra metade da laranja (ou da maçã, como queira); sem o carinho; sem as horas no telefone; sem as cartas que você lê, re-lê, lê novamente, não se cansa de ler; sem o amor recíproco; sem os beijos.

Ah, os beijos! Diz-se por aí que o primeiro beijo revela tudo sobre uma relação. Pode até ser. Mas o interessante dos beijos é que são a maior manifestação possível do amor, são tão simples e tão complicados; Tão intensos e tão necessários.

Pergunto-vos eu neste momento: o que faz com que nos apaixonemos? Não é só porque ele é isso ou porque ela é aquilo. Existe algo de inexplicável no amor, mas, certamente, amar e ser amado é, sem dúvida, uma das melhores sensações.

Amem e propiciem amor. Garanto eu: é felicidade na certa!


COPACUBANA

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Da prata de graça

O som mistura a vida, faz música, mato e mar. A vida mistura o som, da gota do riso até o brilho chorar.
Hoje chora meu brilho, da alegria, tristeza, luz e amargura que misturar.
Eu escrevo meu nada carinhoso, queimo com uma erva de cheiro e faço o vento levar.
Leva, me leva o vento, do leve lamento, da nuvem a lágrima no rosto e no lar. Meu lar meu e dela, da grande janela com as portas abertas, um piano de cauda, meu pandeiro e a viola pra prata brilhar.
O sorriso da moça, do olho da moça, do coração (meu e dela) é de prata e pandeiro, que apanha e chora pro amor dissonar.


COPACUBANA

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Perfume do chá de flor

Eu quero uma flor plantada pra cada palavra não dita que for falada, eu quero um cravo e canela, um chá e um beijo dela pra todo amor que cantar.
Eu não peço muito, só peço uma janela bem grande e um ventinho gostoso pra eu te esperar e, te vendo da minha janela, meu chá, meu cravo e canela, ventando o perfume no vento, seu perfume me faz continuar.
A flor é um amorzinho bonito, calado e devagarzinho que ninguém vê chegar. Cravo e canela temperam, no amargo e no doce do beijo o desejo do chá de hortelã.
Bem da cor do vestido dela, o verde da hortelã do meu chá, o castanho dos olhos da moça e o céu do meu vento soprar. Soprando bem devagarzinho, a beleza da moça de verde, o perfume da flor da moça, e o vapor doce do meu chá.


COPACUBANA

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Será?!

A vida é misteriosa.
Cheia de segredos.
Talvez,
Se soubéssemos dos segredos,
Mudaríamos nossas atitudes.
Mas como não sabemos,
Devemos tentar.
E não se arrepender por ter errado,
Mas se orgulhar por ter, ao menos,
Tentado acertar.

COPACUBANA

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu meu castelo

Eu ainda lembro (não sei se com a saudade devida) da época em que eu era incansável, inquebrável, imbativel. Rei do meu castelo de lata.
Lembro também (com a perfeição merecida) do meu castelo de lata, meu refugio do mundo, meu pedaço de paz.
Até que veio o tempo, traquina que é, e resolveu enferrujar, minha época, meu castelo e minha paz.
O vento sobrou a minha paz pra outro lugar, mas o mar é meu amigo e me contou onde eu devia ir, que lá eu ia achar a minha paz na praia, achei.
Reconstruí o meu castelo (não pela última vez), fiz ele de areia, com uma rainha de sal e uma coroa de concha. O mar se aborreceu (esse bicho gente fica me vendo beijar o sol, ora!), levou o meu castelo, minha rainha e minha coroa.
Hoje meu castelo é escondido do vento e do mar - que ainda são meus amigos, e ainda também visitam - sigo minha construção. A mão de obra é rara, mas hoje uso a paz como ferramenta, e ainda sinto o cheiro de tinta.

COPACUBANA

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Retrato do dia

Pé de manga no quintal, laranjeira na janela.
No terceiro andar o vento canta, grita, chora, venta.
Sacada, um saco. Tédio, tédio, tédio, tédio.
Liga a tevê, pega uma água, derrama no chão.
Limpa sua vida, derrama no chão.


COPACUBANA

domingo, 14 de junho de 2009

Fé no que virá

Pra moça. do Mundo, num dia qualquer.

Você sempre soube que eu não falava muito, e quando falava, falava demais. E você sempre reclamou do meu jeito de andar, desde o primeiro dia, quando eu atrasei e você tava me esperando, sentada na escada com uma cara de desaprovação.
Nós sempre nos demos bem, rimos um do outro e um com o outro, cantavamos juntos músicas que não conheciamos e saíamos pra tomar aquele açai na terça à noite (mesmo eu e você saindo escondidos, dizendo que iamos estudar).
Eu nunca entendi direito esse seu amor moderninho, mas sempre te dizia que arrebol rimava com bemol e que eu rimava com você só pra te fazer rir.
Às vezes eu escrevia uns bilhetinhos que pregava pelo seu quarto de manhã pra você se distrair, enquanto gastava todo seu batom escrevendo "EU TE AMO" no seu espelho, só pra voce brigar comigo, eu começar a rir e você me bater até me beijar.
Você sempre me dizia que rosas eram bregas, mas eu nunca te dei rosas, elas eram na maioria amarelas e brancas. E você insistia que odiava rosas, até o dia em que eu te dei um buquê de trevos pra conservar a nossa sorte.
Depois de tantas lágrimas de alegria e sorrisos fingidos, eu queria te dizer aqui que não sei bem se isso é uma carta de amor, mas tenho certeza de que vou guarda-la com carinho pra um dia entregar àquela que eu puder chamar de amor.


COPACUBANA

sábado, 13 de junho de 2009

Aquela Loira...

Estava-lá-eu, pensativo, observativo, analisativo - timido que só vendo. Até então nada me saltara aos olhos. Pois bem. Entra aquela Loira.

Num primeiro momento, era só mais uma à conhecer, e assim ficou durante algum tempo. Mas, repentinamente, tomou conta de mim; dos meus pensamentos; das minhas atitudes... É inexplicável, mas não inadimissível.

Ela é Loira e é Linda; Uma Linda Loira Linda. Gamei logo de cara (já perceberam, né).

Ela mal me notou, diga-se de passagem!

Devido a isso, mudei drasticamente meu comportamento na tentativa de uma aproximação, mas não obtive muito sucesso (na verdade, não obtive sucesso algum, creio).

Ainda estou na batalha por um lugarzinho no coração dela, mas parece que ela não me nota. E quanto mais eu percebo isso, mais vontade tenho eu de conquistar, de uma vez por todas, esse amor que tanto quero. Vamos ver se obtenho mais sucesso daqui pra frente. Torçam por mim.

Desde então, "só penso nela, quem é ela?, o nome dela é...", vamos ver se algum dia ela ainda usa meu sobrenome...

COPACUBANA

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Dia dos namorados é assim:

- Amor, você quer sair?
- Pra onde?
- Quer ir no ED's?
- Já que você quer a gente vai.
- Mas eu não quero. Só perguntei se você queria porque sua amiga chamou a gente.
- Você quer sim. Tô indo me arrumar.
- Mas eu não quero.
- Vai ficar fazendo doce agora?
- Então a gente vai, porque você quer ir. Vou me arrumar.

Em resumo: Fomos num lugar no qual ambos não queríamos, por falhas de comunicação, por excesso de zelo... Tirem suas próprias conclusões, mas namoro, as vezes, é assim! Vai falar que não?!



COPACUBANA

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Da música do caos

Eu vivo de música, quase como combustível.
É bom saber que amanhã de manhã do meu lado vão acordar alguns arranjos e letras. Acorde.
Sou o caos, vim de lá e é pra lá que eu volto, acho que é ai que entra a música, a harmonia pro meu caos.
Nunca pensei muito pra falar, na verdade não penso nada. Mas penso sempre pra cantar, pra cantarolar ou até assoviar alguma melodia por ai...
Vai ver é isso, eu sou música e me falta cantarem.


COPACUBANA

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre a paz que reina

Falta paz. Talvez tenha perdido, ou então nem encontrado.
Eu escrevo e ela aparece, mas só aparece. Falta paz comigo.
Um vazio reinando em seu lugar, parte de uma música apaixonada, me viro pro lado e dou risadas pro ar.
Também vento e amor, entendo que não faz sentido nenhum (faz todo sentido!), mas até que é interessante ver as palavras se arrumando como elas querem sobre a falta de paz que elas mesmas evidenciam.
Pó e pé, estrada de chão. Falta paz comigo.

[Texto em homenagem a Banda Solana e Aline Muniz]


COPACUBANA

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sobre sóis e guarda-chuvas.

Hoje eu vi uma moça chorando no pátio. Até entendo ela, o tempo choroso, o pátio choroso, o céu chorando também.
Sou meio que adepto desse clima lamurioso (não me levem a mal, sou um cara feliz), e por vezes até acho interessante um dia chuvoso, mas moças chuvosas me deixam inquieto. Os olhos dela choviam, marcados de algumas nuvens escuras que cobriam a beleza do rosto, chovia triste, triste...
Eu queria mudar meu caminho, esquecer meu capuccino habitual e ir clarear o dia dela, pensei em perguntar "o que há, moça?" e cantarolar alguma música feliz de Los Hermanos.
Remoí a idéia até chegar a conclusão de que sou um tanto diferente do sol. Fui falar com ela, mas faço o estilo guarda-chuva.

COPACUBANA